Grupo Galpão: o teatro mineiro em evidência

Quem gosta de teatro, certamente já ouviu falar do Grupo Galpão de Belo Horizonte, você concorda? É uma das trupes de teatro mais significativas no cenário nacional e, consequentemente, uma das mais representativas no exterior. É motivo de muito orgulho para os mineiros que sempre comparecem em peso nas apresentações. 

São muitas peças autorais, remontagens, adaptações, prêmios nacionais e internacionais. O elenco, repleto de mineiros, exatamente como o povo das alterosas gosta, é extremamente talentoso e, como era de se esperar, humilde e sempre fazem apresentações gratuitas pela cidade. 

Neste texto, vamos contar um pouco da história do Grupo Galpão e falar sobre a relevância do teatro para BH. Então, acompanha na leitura, combinado? 

Grupo Galpão, das ruas de BH para os maiores palcos do mundo

Sim, imagina você! Uma das maiores companhias de teatro do país, nasceu se apresentando nas ruas da capital mineira. A primeira apresentação, inclusive, foi na praça 7, em novembro de 1982, seu ano de criação. A peça encenada foi “E a Noiva Não Quer Casar”. 

O Grupo Galpão foi fundado por Eduardo Moreira, Wanda Fernandes, Antonio Edson e Teuda Bara. Teuda é considerada uma das melhores atrizes de teatro do Brasil e, esse que vos escreve, teve o imenso privilégio de iniciar sua breve carreira na imprensa entrevistando-a, acredita?

Foi pela PUC TV e, o Grupo Galpão, completava seus 30 anos naquela ocasião. Foi também a primeira vez que entrei no lugar onde a trupe ensaia e guarda aquela enorme chevrolet Veraneio cheia de parafernálias para cenários de diversas peças. 

O elenco estava se preparando para viajar a Londres, onde apresentariam sua releitura de Romeu e Julieta em pleno Globe Theater. Particularmente, preferi conversar com Teuda por causa de seu carisma, fora das personagens, ela é só sorrisos e gentilezas. 

Eduardo Moreira

O diretor artístico e fundador do Grupo Galpão nasceu no RJ, mas foi em MG que encontrou sua grande paixão: o teatro. É autor de “De tempos somos”, “Nós” e “Outros”. Além disso, as adaptações de “Os gigantes da montanha” e “Um Molière imaginário” também ficaram por conta desse extremo conhecedor da dramaturgia. 

Teuda Bara

Nasceu aqui mesmo, em Belo Horizonte no ano de 1941 e, acredite se quiser, não estudou teatro formalmente como era de se esperar. Começou sua carreira teatral somente aos 30 anos enquanto estudava Ciências Sociais na UFMG. 

Atuou na maior parte dos espetáculos do Galpão, além de ter feito quase 7 anos de turnê com Cirque du Soleil sob a direção do renomado diretor Robert Lepage no espetáculo “K.Á.”. 

Antonio Edson

Filho de caixeiro viajante e dona de casa, Toninho se apaixonou pelo teatro ao vir morar em BH para terminar seus estudos. Na UFMG, enquanto cursava letras, mantinha-se ativo no Teatro Universitário (TU) e foi indicado por seu tutor, Haydée Bittencourt, a receber uma bolsa para estudar teatro em Munique.

Mantém-se firme nas atividades do Grupo Galpão desde sua fundação e, vira e mexe, faz papéis interessantes no cinema e na TV. 

Wanda Fernandes

A jovem atriz se despediu dos palcos da vida ainda na década de 90. Foi em um acidente automotivo retornando de Ouro Preto, após receber do Governo de Minas Gerais a medalha da Inconfidência.

Participou de peças com o Grupo Galpão como “Álbum de Família”, de Nelson Rodrigues, com direção de Eid Ribeiro, e “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare, concebido por Gabriel Villela.

Grupo Galpão, peças consagradas 

Os mineiros têm preferência por algumas peças do grupo. Claro, eles podem apresentar qualquer coisa, em BH, é certeza que os mineiros vão lotar as cadeiras para assisti-los. Detalhe: como é um grupo formado e criado no teatro de rua, é normal que se apresentem em praças e parques, então, o conceito de “cadeiras ocupadas” é relativo.

A peça “Os Gigante da Montanha”, por exemplo, já foi apresentada tanto na Praça do Papa quanto no Parque Ecológico da Pampulha. As pessoas sentam-se ao chão mesmo e apreciam o espetáculo tranquilamente. Confira algumas das consagradas peças que o Grupo Galpão apresentou ao longo de suas quase 4 décadas de trabalhos. 

Trabalhos antigos

  • Eclipse;
  • Pequenos milagres;
  • Um homem é um homem;
  • O inspetor geral;
  • Um trem chamado desejo;
  • Partido 
  • A rua da amargura;
  • Foi por amor…;
  • Triunfo – um delírio barroco;
  • A comédia da esposa muda.
  • Arlequim servidor de tantos amores;
  • Ó procê vê na ponta do pé.

Galpão Cine Horto, o centro cultural do Grupo Galpão

O Galpão Cine Horto é o centro cultural criado pelo Grupo Galpão na cidade de Belo Horizonte, na região leste, bem pertinho do Estádio Independência e do bairro Santa Tereza, lar do lendário Clube da Esquina. Desde sua fundação, em 1998, é um espaço aberto à comunidade, dedicado à pesquisa, à formação, ao fomento, ao estímulo e à criação em teatro.

Inaugurado em um antigo cinema da década de 50, esse centro cultural conta com uma sala de espetáculos multimeios, uma sala de cinema e vídeo e salas de aula. A partir de 2006, passou também a contar com o Centro de Pesquisa e Memória do Teatro (CPMT), que reúne um importante acervo bibliográfico e videográfico. 

A Companhia hoje, elenco e prêmios

O Grupo Galpão continua atuante e vívido no bairro Horto em BH. Ainda se constitui como um grupo de atores que realiza o teatro de pesquisa. Durante sua trajetória, sempre convidou diferentes diretores para as montagens fazendo jus à tradição do diálogo e pluralidade que sempre permeou seus trabalhos. 

Trabalhos atuais

  • Nós;
  • De tempo somos – um sarau do Grupo Galpão;
  • Tio Vânia (aos que vierem depois de nós);
  • Till, a saga de um herói torto.

O elenco fixo conta com 12 atores renomados que se revezam nas peças. São 7 homens e 5 mulheres, a imensa maioria de mineiros. Além dos 3 fundadores, o Grupo Galpão apresenta o talento dos artistas: 

  • Arildo de Barros;
  • Beto Franco;
  • Chico Pelúcio;
  • Fernanda Vianna;
  • Inês Peixoto;
  • Julio Maciel;
  • Lydia Del Picchia;
  • Paulo André;
  • Simone Ordones.

Grupo Galpão, principais prêmios

  • Prêmio APETESP, “Romeu & Julieta”, 1993. Diretor – Figurino;
  • Prêmio Shell Especial 93, 1993. Ao Grupo Galpão;
  • “A Rua da Amargura”, 1994. Prêmio Shell, Direção – Figurino – Iluminação; Prêmio Sharp de Teatro, Espetáculo – Figurino – Iluminação; Prêmio Mambembe, Direção – Figurino – Cenário – Iluminação; Prêmio Molière, Direção – Iluminação – Figurino; Prêmio SESC/SATED, Espetáculo – Figurino – Direção – Ator coadjuvante.
  • “O Inspetor Geral”, Prêmio SESC/SATED, 2007. Atriz Coadjuvante.
  • “Till, a saga de um herói torto”, 2010, Prêmio Usiminas / Sinparc. Espetáculo – Figurino – Atriz. Prêmio SESC/SATED. Espetáculo – Atriz. 

Resumindo, afinal, poderíamos passar ainda um bom tempo listando todos os prêmios: o Grupo Galpão é uma espécie de xodó dos mineiros, nos orgulhamos de suas conquistas, de suas origens, das apresentações nas ruas e parques e, especialmente, do carinho dispensado à cidade de BH e seus cidadãos.

Então, se gostou do texto, conta pra gente se já assistiu a alguma peça do Grupo do Galpão e quais outras gostaria de ver. Até a próxima! 

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Sobre Trem Azul Hostel em BH

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